domingo, 25 de janeiro de 2015

Veja desta semana dia 25/01/2015

1) Entrevista:
Um dos maiores criminalistas dos Estados Unidos, Robert Luskin, afirma que as investigações do petrolão em seu país serão profundas e podem levar a uma severa punição de empresas brasileiras.
Nesta entrevista a VEJA, ele informa que as investigações sobre o petrolão nos Estados Unidos vão desvendar toda a extensão do esquema. Até empresas que não atuam lá, entre elas algumas das empreiteiras, poderão ser alcançadas pelas pesadas punições estabelecidas pela lei americana.
2) DO PALÁCIO AO PETROLÃO
O empresário José Carlos Bumlai, era tão íntimo de Lula que tinha passe livre no Planalto. Rico, ele até hoje resolve os mais diversos problemas do ex-presidente e de sua família. Poderoso, ele agora também é investigado no escândalo da Petrobras
O cartaz foi afixado na entrada do Palácio do Planalto para não deixar dúvida: José Carlos Bumlai, amigo íntimo do presidente Lula, estava autorizado a entrar quando quisesse, na hora em que bem entendesse
O acesso livre foi formalizado em agosto de 2008. Certo dia, Bumlai chegou ao Planalto sem avisar. A equipe de segurança, seguindo o protocolo, barrou sua entrada. Foram-lhe exigidas cópia de sua carteira de identidade e informações mais precisas sobre o motivo da visita.
O nome dele não constava da lista de pessoas que Lula receberia em audiência naquele dia. Bumlai foi impedido de entrar. Quando Lula soube do episódio, determinou ao Gabinete de Segurança Institucional que mandasse fazer um cartaz com foto, a ser mantido permanentemente na recepção, contendo um aviso incomum: “O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento (...) em qualquer tempo e qualquer circunstância”. Nenhum ministro, nenhum assessor, nenhum parente de Lula mereceu tal deferência.

O pecuarista, que nunca teve nenhuma função oficial, montou um gabinete num quarto de hotel a 2 quilômetros do Planalto, onde recebia empresários e lobistas que se enfileiravam para vê-lo. Em paralelo, exercia outra tarefa igualmente sensível: virou tutor dos negócios dos filhos do então presidente, em especial de Fábio Luís, o Lulinha.
Desde 2005, sabia-se em Brasília que Bumlai também tinha delegação para tratar de interesses que envolvessem a Petrobras. Foi ele, por exemplo, um dos responsáveis por chancelar o nome do hoje notório Nestor Cerveró, um desconhecido funcionário da estatal, para o posto de diretor internacional da empresa.
Bumlai, soube-se agora, ajudou a compor a teia de corrupção na estatal. As investigações da Polícia Federal o colocam como um dos responsáveis pelo acesso que o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, desfrutava na Petrobras. Preso desde novembro, Baiano é mencionado como um dos principais operadores do esquema de propina na estatal.
3) PRECISA DESENHAR?
O Tribunal de Contas da União arquiva investigação sobre um ministro que atuava como informante do Palácio do Planalto. O motivo é inacreditável: as provas “sumiram”

Em setembro do ano passado, VEJA revelou um conjunto de mensagens eletrônicas que mostravam o ministro do Tribunal de Contas da União Walton Alencar subvertendo os preceitos mais sagrados da corte. Nomeado para fiscalizar as ações do Poder Executivo, ele atuava como informante do governo, confidenciando detalhes sobre processos sigilosos, antecipando movimentos, fornecendo informações. Seu contato mais frequente era com a então secretária executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, braço-direito de Dilma Rousseff na pasta. Havia reciprocidade. Ao mesmo tempo em que fazia agrados, o ministro articulava com o Planalto a nomeação de sua mulher, a ministra Isabel Galotti, para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). A promiscuidade dessas relações causou profundo desconforto no tribunal. Então corregedor do TCU, o ministro Aroldo Cedraz foi rápido ao abrir uma investigação sobre o colega e prometeu apurar o caso.
A disposição do corregedor durou pouco.
Na semana passada, o tribunal, agora presidido pelo próprio Cedraz, divulgou o resultado do processo.
O desfecho do caso não poderia ser mais constrangedor para a corte. Apesar de contar com dezenas de técnicos especializados em rastrear falcatruas na administração pública, o TCU arquivou o procedimento simplesmente porque não conseguiu localizar as mensagens que demonstram a troca de favores entre Walton e a Casa Civil.

4) REALISMO SEM MÁGICA
Levy apresenta pacotinho para aumentar os impostos e reconhece que a economia deverá sofrer uma retração, mas afirma que o aperto é necessário para atrair os investimentos
5) LÁ, A AMEAÇA É DE DEFLAÇÃO
Europeus temem a queda de preços e vão colocar 1 trilhão de euros na economia

A maior preocupação dos europeus é o risco de deflação, em uma situação semelhante à que pragueja a economia japonesa há duas décadas. A meta do BCE é manter a inflação em 2% ao ano, mas o índice está próximo de zero. Pode parecer extraordinário viver em uma economia com queda de preços, mas esse é um sintoma de apuros. Significa que as pessoas postergaram as suas compras, com impacto negativo sobre o crescimento. Para as empresas, isso representa um aperto nas suas margens de lucro, podendo levar a demissões e queda nos investimentos. Por fim, a deflação dificulta o pagamento de dívidas, cujo vencimento não diminui, ao contrário do fluxo de caixa.
O BCE anunciou que vai colocar 60 bilhões de euros ao mês na economia, por meio da compra de títulos, podendo totalizar 1 trilhão de euros.
Em termos práticos, o BCE resgata os papéis de dívidas e assim faz circular mais dinheiro. A ação enfraqueceu imediatamente a cotação do euro, que, na comparação com o dólar, recuou para 1,12, o menor preço em onze anos. A desvalorização, entre outros efeitos, incentiva as exportações europeias. A zona do euro repete, com certo atraso, a estratégia usada pelos Estados Unidos anteriormente, conhecida pelo nome em inglês quantitative easing, ou QE. A Alemanha se opunha a essa ação, por entender que poderia servir de estímulo ao adiamento de reformas. No final, cedeu.

6) UM MISTÉRIO
PERTURBADOR

O ano de 2015, o último de seu mandato, não começou bem para Cristina Kirchner, presidente da Argentina. Ter de se locomover em uma cadeira de rodas por causa de uma fratura no pé é sua agrura menos grave. Muito pior foi ter sido acusada de ceder a interesses externos para trair a Justiça e os cidadãos do próprio país. E, se não bastasse, ter de se colocar duplamente na defensiva depois de o acusador aparecer morto em circunstâncias misteriosas. A primeira parte do problema consiste na denúncia formal feita pelo procurador Alberto Nisman. O texto apresentado à Justiça diz que Cristina chefiou um plano com o Irã para acobertar os autores do atentado à organização judaica Amia, que deixou 85 mortos e centenas de feridos em Buenos Aires, em 1994. A segunda surtiu o efeito de uma hecatombe na Casa Rosada, cinco dias depois, no domingo 18, quando Nisman foi encontrado morto no chão do banheiro de seu apartamento, sobre uma enorme poça de sangue. Ele estava de camiseta e cueca e seu corpo obstruía a porta parcialmente pelo lado de dentro. À sua direita, uma pistola Bersa calibre 22. Segundo a perícia, o disparo foi feito a menos de 1 centímetro da têmpora e o dedo estava na posição de gatilho. Cristina teve pressa em apontar a tese de suicídio, como se fosse função de uma presidente brincar de detetive. Enquanto o corpo de Nisman ainda estava na mesa do legista, Cristina dedicou-se a postar suas teses no Facebook, dando como certo o suicídio e especulando sobre os motivos, que envolveriam uma mirabolante trama com participação do jornal Clarín e inspirada na reação aos recentes atentados terroristas em Paris. Nenhuma palavra de condolência à família. À medida que as investigações trouxeram novos dados (não foram encontrados vestígios do disparo na mão de Nisman; a porta de serviço estava destrancada; havia uma pegada e impressões digitais recentes em uma passagem que leva ao apartamento; quando seus seguranças deram por sua falta e tentaram contatá-lo por telefone, ele ainda estava vivo, mas assim mesmo levaram horas para procurá-lo em seu apartamento), a presidente mudou sua versão e passou a falar em assassinato, cometido com o intuito de prejudicá-la. “A verdadeira operação contra o governo era a morte do procurador depois de acusar a presidente”, escreveu Cristina.
Os investigadores do caso estão deparando com tantos fatos estranhos e havia tantos interessados em silenciar Nisman que qualquer conclusão é precipitada. Sete em cada dez argentinos acreditam na versão de assassinato

7) Sem clemência
Como o surfista Rodrigo Gularte, nascido em família rica do Paraná, acabou no corredor da morte na Indonésia
Quando, no fim de julho de 2004, o surfista brasileiro Rodrigo Gularte depositou oito pranchas recheadas de cocaína na esteira do check-in do voo que o levaria a Jacarta, na Indonésia, sabia bem que consequências poderia sofrer. O aeroporto da capital, onde ele já havia estado antes, é repleto de cartazes que advertem os recém- chegados de que a pena para traficantes de drogas naquele país é o pelotão de fuzilamento. O mesmo alerta é dado ainda no avião, pouco antes do desembarque dos passageiros. Mas Gularte — o menino boa-pinta, que estudou nos melhores colégios de Curitiba e tinha fama de conquistador e aventureiro — nunca teve medo de nada. “Ele sempre chamou atenção por ser destemido.
No mar, era o que mais se arriscava”, conta o amigo, hoje engenheiro, Bernardo Guiss Filho. Na semana passada, Gularte, há dez anos no corredor da morte, teve negado o pedido de clemência feito pelo governo brasileiro ao presidente indonésio, Joko Widodo. A recusa foi anunciada dois dias depois do fuzilamento, na Ilha de Nusakambangan, de outro brasileiro, Marco Archer, o primeiro a ser executado pela Justiça de um país estrangeiro A família de Gularte ainda tentará um último recurso para livrá-lo da execução. Na semana passada, uma prima do surfista vinda de Curitiba desembarcou em Nusakambangan, onde também está Gularte desde 2007. Ela viajou com o objetivo de buscar médicos credenciados pelo governo da Indonésia que confirmem que Gularte está mentalmente doente. Pelas leis do país, nenhum condenado poderá ser morto se padecer de doença mental — não importa se estava são na ocasião em que cometeu o crime. “A sentença só pode ser cumprida depois da recuperação”, disse a VEJA Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria-Geral da Indonésia.

8) VAI FALTAR ÁGUA,
VAI FALTAR LUZ,
MAS SOBRA
INDIGNAOAO

A frase do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, já faz parte de qualquer antologia dos despauterios de autoridades que pouco têm a dizer quando apresentadas a problemas incontornáveis, que lhes parecem alheios. Disse ele, depois do apagão de segunda-feira passada na Região Sudeste: “Deus é brasileiro. Temos de contar que ele vai trazer um pouco de umidade e chuva para que possamos ter mais tranquilidade”. Para seu azar, como numa comédia insossa, em meio à entrevista aos jornalistas as luzes do auditório em Brasília se apagaram . Braga fez tudo errado ao apelar para Deus, e só alimentou as críticas de quem, com razão, se vê à beira do abismo e rapidamente põe a culpa nas autoridades. Houve lerdeza, leniência e inépcia públicas, mas é fácil atribuir o drama de abastecimento de água e luz apenas à falta de planejamento. Não se trata de absolver o governo de São Paulo no caso da escassez de água e o federal no da pane elétrica da semana passada, mas convém lembrar que nem tudo pode ser antecipado, que variações climáticas como as dos dois últimos verões são pontos extraordinariamente fora da curva. A previsão sazonal de chuvas pode ser feita em poucas regiões do planeta — basicamente apenas onde a meteorologia é condicionada pelas variações dos oceanos. Não é o caso do Sudeste brasileiro.
9) Vida seca na Cidade Grande
A realidade é incontornável: Pode chover muito nas próximas semanas, mas 2015 será um ano sem água nas metrópoles do Sudeste.

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