O tema da redação — A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira — também foi alvo de aplausos e de críticas na internet. A hashtag #EnemFeminista foi usada tanto para exaltar o espaço dado à discussão sobre agressões sofridas por mulheres quanto por pessoas que criticaram a opção dos formuladores da prova.
Além de ser tratada na redação, a discussão sobre gênero apareceu em uma das questões da prova de sábado. Os deputados federais Marco Feliciano (PSC/SP) e Jair Bolsonaro (PP/RJ) voltaram a causar polêmica. Desta vez, os dois criticaram o que chamaram de doutrinação na prova do Enem. O alvo das reclamações dos parlamentares foi essa questão, que trazia uma citação da escritora Simone de Beauvoir.
“Não adianta usar desses rasteiros expedientes. Vamos protestar sempre e extirpar de nossos currículos teorias alienígenas que nada acrescentam ao engrandecimento de nossa cultura e tradições”, escreveu Feliciano. Bolsonaro, por sua vez, acusou o Partido dos Trabalhadores (PT) de doutrinação marxista. “O sonho petista de querer nos transformar em idiotas materializa-se em várias questões”, escreveu.
A antropóloga Debora Diniz, professorsa da Universidade de Brasília (UnB),defende o tema abordado na prova. “Uma onda de repercussão contrária ao tema tão somente demonstra limitação do interlocutor que seja incapaz de ver a mulher como distanciada daquela predestinada à casa, à inferioridade e à subalternização”, afirma a Debora.
Memória
A filósofa francesa ficou conhecida pelas obras que retratavam o papel da mulher na sociedade. Morreu em 1986. A frase publicada na prova foi: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico,síquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino”.
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